domingo, 22 de fevereiro de 2009

impressões

Impressões



Estava esperando as outras portas que entendem mais do assunto manifestarem suas opiniões a respeito da exposição do Vik Muniz, como ninguém falou nada até agora vou me ariscar, afinal é consenso nosso comentar e dar impressões mesmo em assuntos que não dominamos muito.
È impossível não gostar da obra de Vik Muniz ou sair da sua exposição com críticas ao seu trabalho. Ele é talentoso demais, virtuoso demais, habilidoso demais. Então o que é que está faltando?
Li em algum lugar que ele tem formação publicitária, aí descobri o que me incomodava. Não que o fato de ser publicitário seja demérito, pelo contrario, mas a sua obra acaba sofrendo muito a influência desse formato. Tento explicar.
Parece que ele tem uma única mensagem a passar com a obra em que trabalha. A partir da mensagem definida e fazendo uso de técnicas diversas, usa os materiais adequados à idéia, no espaço adequado e no tamanho adequado. O problema é que não fica espaço para imaginação do observador, para emoção e a ambigüidade. Só existe, parece, uma única leitura para cada uma das suas obras.
Em algumas ele chega à perfeição, como por exemplo, no seu magnífico mapa mundi, onde passa uma idéia perfeita de um futuro não muito promissor para o nosso planeta.















Fiquei, confesso, no interessante, quando vi suas obras, ou no muito interessante e não passei disso. Fiquei imaginando que se não fosse o inusitado do material usado, como o açúcar, a calda de chocolate, o Catchup em suas obras, (não é de hoje que a arte contemporânea usa materiais que causam estranheza, como lixo e outros), o que sobraria?
Li esse comentário em algum lugar.

...Meio século e meio depois da invenção da Fotografia, Vik Muniz reinventa a linguagem e a mídia fotográfica. Trabalho com jogos cognitivos, truques e manipulações que destacam o ilusionismo intrínseco à instantaneidade fotográfica. Na produção de pouco mais de duas décadas questiona a interpretação, a representação e a veracidade das imagens, abusa das antinomias entre o fato e a ficção, a alta e a baixa cultura, o falso e o verdadeiro das informações. Trabalha com figuras já vistas, propriedades de um imaginário coletivo internacional, dando-lhes novas formas em releituras irônicas, propondo a questão crucial: "A retina mente"...

Isso para mim é recurso da publicidade, e as vezes, da má publicidade, não me diz nada enquanto arte, acho invenção e também duvido que a fotografia seja isso ou queira se tornar isso. Em outro comentário li:

Vik devolve as catástrofes da cara do mundo, pega os detritos e recicla-os. Os materiais e os homens que a sociedade excluiu são seus assuntos.
Do lixo aos diamantes ele reinventa a tragédia que se esconde nas sobras sujas ou revela o ridículo que se disfarça no luxo
Seus trabalhos são mais do que artísticos, eles apontam para uma nova atitude, não apenas de pintar ou criticar, mas de mexer no mundo, de invadi-lo.
Em vez de uma arte fria e desesperançada, Vik restabelece uma atitude estética, ecológica e política, com a mão na massa, no ouro e na merda, ela cria esperança.

Acho lindas essas frases feitas, causam impacto, mas não me dizem muito.
Sobre a exposição no MAM alguém escreveu:

...Postada diante do quadro, a mulher se concentra e examina a imagem por alguns segundos antes de se decidir: - Geléia e doce de leite!
Uma discreta expressão de ceticismo surge no rosto da amiga a quem o comentário foi dirigido. A mulher resolve se aproximar para confirmar. – Ah, não: é geléia e manteiga de amendoim – reconhece o erro, explicando-se – manteiga de amendoim é uma coisa que nunca pegou por aqui. Lembra daquele amendocren?
Dirigindo-se à próxima obra, elas prosseguem com entusiasmo o jogo de adivinhação numa atitude que parece estranha se considerarmos onde estão, mas que é típica entre os visitantes da exposição do brasileiro Vik Muniz...
...Não só diante da “Mona Lisa dupla” de geléia e amendoim, mas por toda parte surgem entre os visitantes polêmicas na linha “como diabos ele fez isso?!”.
Já os adolescentes ... e ... de 17 anos, estavam completamente decididos, ainda que lacônicos.
— Incrível — ela disse.
— Muito impressionante — ele completou.
Ali por perto, uma senhora comenta com a amiga:
— Realmente, um dos grandes artistas do nosso tempo.
Descansando num banco com a namorada ..., o militar ... concorda.
— É a melhor exposição que já vi até hoje. É uma coisa clara, não é só para aquelas pessoas que já se aprofundaram no assunto. Você consegue entender.
Um discurso afinado com o do próprio Vik Muniz:
— Quando crio meus trabalhos, não imagino um público específico: pode ser o cara da padaria, o vigilante do museu ou um filósofo. Tento partir de coisas primárias, básicas, e daí construir algo que seja ao mesmo tempo inteligente e acessível. Não são todos que consideram importante esse compromisso do artista com o público. Para muitos, o diálogo do artista consigo mesmo é até mais importante. No meu caso é diferente — afirma...

Isso sim diz muito, para o bem e para o mal. Volto a lembrar que o que escrevo, são só impressões de alguém que não tem muita autoridade no assunto, mas que se arisca a colocá-la. A verdade é que em tudo, em todo seu trabalho, eu consigo ver uma grande criatividade, e criatividade pra mim, é apenas um dos requisitos para um grande artista. Não consigo afastar a idéia da publicidade e das idéias marqueteiras de hoje em dia e isso me incomoda.
Suas obras são obras de arte? Acho que são. O conceito de arte hoje em dia está muito ampliado. Se pensa e se observa a arte de outra forma, as mensagens talvez tenham que ser mais rápidas, não se pode perder tempo, talvez daí a necessidade de técnicas publicitárias. Outro dia eu dizia em um comentário aqui mesmo no blog que – ...hoje, o que acontece, às vezes, com a arte dita contemporânea, é que o observador passeia por cima, por dentro, pelo lado ou embaixo de uma obra, a toca, troca socos, pula na sua frente, fala com ela, faz careta para ela e quase sempre, ela é incompreensível (por isso mesmo, considerada boa) e mais, quase nunca pode se levar ela para casa, nem se quer...
Pelo menos a obra do Vik Muniz é clara, conseguimos entende-la e queremos levá-la para casa ou usá-la em grandes painéis, em saguões de Empresas, Hotéis, Palácios de Governo, etc.
Se isso for arte, eu definitivamente não gosto dela, se for outra coisa que ainda não definiram o que é, mas que é novo e está agregando valores do nosso tempo, eu gosto muito.
A palavra está com vocês.

Vik Muniz – auto retrato

A Última Ceia


Leonardo Da Vinci tinha a fama de trabalhar de forma muito lenta. Há relatos que não era raro o artista passar o dia ou até metade do dia contemplando a obra sem dar uma única pincelada.

Pressionado a terminar o mural que adornaria a parede dos fundos do refeitório do monastério o artista retrucou: “Homens de gênio às vezes fazem o máximo quando trabalham o mínimo, pois estão engendrando invenções e formando na mente a idéia perfeita que depois expressarão com as mãos”. (Fonte: Revista BRAVO! - Outubro de 2008)

Mas 2 anos para fazer um mural é muita coisa...
Trabalhar o mínimo e engendrar o máximo é fácil.
O difícil é por em prática.
Às vezes a melhor coisa é usar o velho lema da Nike:
“Just do it”

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

sugestões

Sugestões

Vejam a postagem nova
Ainda sobre Shakespeare
Entrou no meio das antigas aí embaixo, não sei o motivo.

Chico Expedito

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

“Isso não é um cachimbo”

Traição das imagens, 1928-29

Quando o pintor belga René Magritte pintou seu revolucionário (para mim pelo menos...) “Isto não é um cachimbo”, ele levantou uma questão muito interessante entre a representação e o real. A pintura torna-se uma pintura e não uma coisa que atravessamos para ver outra coisa. A pintura representa algo, mas não é a coisa. A arte Moderna provoca o observador a pensar e sentir de forma diversa dos períodos anteriores. Provoca a participação do observador na obra. Você não precisa apreciar a técnica, mas necessariamente precisa pensar sobre o que vê. Magritte é um representante do novo conceito. Mostra que tudo é um jogo. Faz uma paródia com o ver, o pensar e com a própria pintura.

Voltando ao “Cara de Cão“, o jogo não se faz. Agride mas não levanta questões mais profundas, não vai além de um mal estar. Não é que não tenha uma proposta, mas ela não sobrevive ao impacto inicial. A reação de meu amigo Chico Expedito comprova minha tese.

Para quem não teve curiosidade de ver o site do Rodrigo Braga, a descrição do Chico é bem detalhada. A obra é uma elaborada manipulação digital que não permite ver uma “verdade”. Tudo bem que na fotografia a verdade não é tão verdadeira assim, mas ela sempre nos provoca uma crença que algo ali é verdadeiro. O artista quer criar a mentira perfeita, enganar o público e provocar um jogo...

“A idéia inicial era fazer uso da tecnologia de manipulação de imagem digital (que já havia lançado mão em uma série anterior) para produzir algo que estivesse dentro da minha poética e ao mesmo tempo contemplasse essa técnica em todo o seu potencial. Eu me incomodava com o fato dos recursos digitais estarem sendo associados à fotografia apenas como um incremento formal à imagem captada pela lente, ou mesmo apenas como uma exagerada sucessão de aplicações de efeitos que meramente reconstituem a tradição pictórica, e tudo aquilo que o lápis ou o pincel já fazem tão bem há séculos. Queria, portanto, algo que operasse pelo quase imperceptível. Que subvertesse o caráter indicial da fotografia e deixasse o espectador tonto, flutuando entre o virtual e o palpável. Tinha a vontade de gerar não o surrealismo típico de uma montagem fotográfica, mas sim, “fabricar” em ambiente gráfico digital uma “realidade” que, de qualquer forma, pudesse ter ocorrido em verdade, pela habilidade manual humana.” (Rodrigo Braga)

Mostrar como nossa realidade pode ser artificialmente construída é uma proposta pertinente, legítima. Somos enganados por nossos olhos que nos ligam de forma mais rápida ao real. Tanto na publicidade, quando cria nossas referências de bem viver; quanto no jornalismo, quando “apaga” coisas para não chocar (atentado na Espanha) ou muda a cor do coco do cavalo da corte para não “sujar” a imagem pura da rainha (desfile da Rainha Mãe na Inglaterra). Nesse sentido vejo uma certa semelhança com Magritte, mas de fato o que faltou foi a classe e o humor do belga. Rodrigo queria fugir do surrealismo e criou um pesadelo. A idéia é ótima na concepção, mas lhe faltou sutileza na escolha do tema. As questões pessoais que provocaram tal escolha, prefiro não questionar, mas acredito que prejudicaram o resultado final. Pois, segundo o texto de Rodrigo, sua intenção era provocar um jogo entre uma realidade construída e nossa crença no caráter indicial da fotografia, como prova do real. Mas essa discussão quase desaparece diante do choque provocado pelas imagens. Mesmo porque, metade do projeto foi bem verdadeiro. O cão morreu e foi fatiado! A proposta talvez ficasse mais interessante se o recorte do animal também fosse uma farsa e fizesse parte dessa realidade “fabricada”. Afinal, a intenção não era uma manipulação digital?
Prefiro ter cuidado com anedotas sobre artistas contemporâneos, mas bem que as “3 dicas” que o Sérgio apresentou cabem como uma luva neste caso.
(http://4portasnamesa.blogspot.com/2009/01/tres-dicas-rapidas-para-fazer-arte-sem.html)


E voltamos às velhas questões:
Qual o sentido da arte? Será que precisamos mesmo incomodar?
Quem é o artista? E por que ele faz arte?
Tudo bem que comparar Rodrigo Braga com René Magritte é um pouco forte, mas é uma ótima desculpa para apreciar as obras desse mestre:





Reprodução proibida, 1937




Carta branca, 1965









Afinidades Eletivas, 1933



Elogio a dialética, 1936


O Modelo Vermelho, 1937

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fotografia e Arte

Atrasado e Urgente



Acho que esse auto-retrato lhe cai melhor



Era para ser só um comentário sobre uma postagem a respeito da obra do fotografo Rodrigo Braga - O Cara de Cão, (aí abaixo), feita pela porta Herbert, mas se passou tanto tempo que resolvi postar para retomar o assunto.
Estou com o cego Belarmino, que nossa outra porta, o ST Machado lembrou no seu comentário, o cego disse – Tem gente pra tudo nesse mundo -.
Não gosto, tenho vontade de dizer que pra mim, estou dizendo que, pra mim... Isso não é arte, mas não vou dizer não, pra não aumentar a discussão e não irritar mais gente.
Li o que o autor das fotos escreveu no seu site sobre a sua obra, li de novo... E sinceramente, pode ser problema meu, mas não consegui achar rigorosamente nada, nenhuma lógica ou uma justificativa razoável nas suas explicações para classificar o que ele estava fazendo como arte. Aliás, não entendi suas explicações, me pareceu um daqueles textos difíceis, rebuscados, cheios de frases prontas e bonitas, mas que não dizem nada. Gostaria de entender mais sobre fotografia, sobre arte, sobre tudo, só para poder fazer um comentário com mais conteúdo, não consigo, o que eu vi foi somente uma criatura que se utilizou de um animal sacrificado, não por ele, e cortando-o em pedaços, montou fotos, como se costurasse esses pedaços sobre fotos do seu próprio rosto. Tecnicamente, até onde eu entendo de fotos e de montagens de fotos, o trabalho é bom, mas, pra mim está em outro segmento do conhecimento humano, que não me arriscaria dizer qual é.

Estou com o ST Machado de novo na sua postagem que fala das ...três dicas para se fazer arte... O que eu entendi foi um artista com uma necessidade enorme de se diferenciar e de inventar alguma coisa que chocasse ou que parecesse nova.

O Herbert escreveu o seguinte na sua postagem...

O auto-retrato é uma busca de identidade, um reconhecimento, mas, sobretudo uma apresentação íntima. Quem já o fez sabe do que estou falando e que...

Acho que está certo.

...Optou por recortar literalmente o real para criar sua identidade. Ainda que me pareça estranho. Não vejo como esse tipo de trabalho poderia ir além da provocação... Faltava algo... Depois de ler o texto, sai caçando o site do fotógrafo. Muito interessante!!...

Também tudo bem.

...Este ensaio me fez pensar sobre dois aspectos: a identidade e a realidade. A identidade é algo que construímos na intenção de ser real. E como na fotografia, ela perpassa pelo real, mas também é outra coisa...

Não entendi. O que é essa outra coisa? Gostaria que me explicassem... Assim, como se eu tivesse quatro anos de idade. Abaixo mais trabalhos de Rodrigo Braga, outros auto-retratos, tirem as suas próprias conclusões.




E então, quando vamos ver o Vik?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sugestões





Ainda sobre Shakespeare




Só para complementar a minha ultima postagem sobre o William Shakespeare, faço alguns comentários e sugestões a respeito das adaptações, montagens e...outras coisas, que foram feitas a partir da sua obra mundo afora.



Teatro



A grande maioria das adaptações teatrais feitas no Brasil das peças de Shakespeare sofre do mesmo mal: Excesso de ação, excesso de aproximação com a realidade atual. Às vezes pelo figurino, outras pelo cenário e o pior, muitas vezes pelo texto, pelas palavras, coisa muito cara a Shakespeare, tornando a montagem, às vezes até regional. Outras montagens apelam para piadas, posturas interpretativas ou tiradas da moda.
Tento explicar. É verdade que o teatro elisabetano e notadamente Shakespeare introduziram a ação no teatro, mas, não a ação como a entendemos hoje, com aquele ritmo alucinado que a TV e o cinema nos enfiam pela garganta e que acabam, ao final das contas, ditando o ritmo das nossas vidas e das nossas cabeças. Nessas montagens há uma preocupação exagerada com a linguagem visual em detrimento à palavra, uma preocupação em mostrar tudo e de forma mastigada, quase infantil, não deixando espaço para imaginação, o corte das falas e cenas às vezes é tão exagerado, que acabam por tratar os assuntos de forma rala e vazia.
Ora, a ação de Shakespeare significava apenas que ele preferia mostrar alguns acontecimentos em vez de narrá-los como antes fazia o teatro clássico, mas não abria mão da palavra, e era através das palavras que formávamos as imagens que nos emocionavam, era onde ele estabelecia os climas adequados, era através das palavras que nos informava sobre as situações e sobre as nuances das personalidades dos personagens e seus respectivos estados de alma. Em suma, a palavra era fundamental, e desaprendemos nestes últimos tempos a valorizá-la. Não sou contra adaptações, o cinema as faz muito bem... Às vezes. Mas o caso é que, se lemos uma obra de Shakespeare e vemos que ela é atual, na verdade se a quisermos montar simplesmente como ela está no papel, certamente o publico verá a mesma coisa. Portanto... Menos minha gente.
É claro que não são todas assim e já vimos montagens memoráveis por aqui. Lembrei-me apenas de três. Para mim, foram realmente antológicas e embora adaptadas de alguma forma, conservaram o espírito de tudo o que eu entendo por Shakespeare. São elas:



















A filmografia das obras de Shakespeare é rica e na sua maioria de boa qualidade, foram produzidos alguns filmes muito bons e outros nem tanto. As adaptações para o cinema, talvez até em função dos textos que se prestam lindamente ao formato cinematográfico, textos que trazem imagens ricas, que estimulam a imaginação do leitor e que contém descrições de climas e caracteres de personagens que dão materiais inestimáveis para qualquer cineasta. Mesmo as leituras mais modernas são boas, parecem preservar uma tradição, a alma da obra de Shakespeare. Digo isso, porque nós atores e diretores brasileiros, sabemos da dificuldade em se montar, interpretar e muito mais ainda em se adaptar Shakespeare. O texto traz nuances que parecem confirmar a necessidade de certa maturidade, de uma experiência teatral e de vida que nem sempre temos. O fato é que não podemos interpretar o Romeu com 45 anos, que é quando atingimos essa maturidade. Talvez pelas traduções, talvez pelo respeito ou desrespeito que possamos ter ao texto clássico... Não sei. O fato é que existem elementos enganadores no texto, o empolamento das falas, as suas formalidades datadas, uma realidade com valores, às vezes distantes dos nossos, etc. O certo é que ele nos leva a posturas nem sempre naturais ou condizentes.
Na Inglaterra temos dois monstros sagrados, shakespeareanos desde criançinha, um é a continuidade do outro, diria que um é o outro em outra época: Laurence Olivier é mais literal, tem uma leitura mais tradicional e teatral, mesmo no cinema, os tempos de cena são diferentes das que vemos hoje. Já Kenneth Branagh é mais moderno, domina a tecnologia e o formato do cinema atual. Embora não seja o caso de Shakespeare, porque não é nem realista nem naturalista, é interessante lembrar que o naturalismo e realismo do cinema atual não é o mesmo do naturalismo e realismo do cinema de antigamente. Mudaram os tempos, a própria forma de interpretar, o naturalismo mudou, o mundo mudou,(vejam filmes antigos do Marlon Brando e James Dean, ambos da escola Stanislavskiana). Mesmo assim, com os tempos novos ou antigos, eles, nossos dois atores cineastas traduzem com fidelidade as obras de Shakespeare, vão aqui algumas sugestões:



























Brannagh é nosso contemporâneo




























Os Japoneses




Trono Manchado de Sangue de Akira Kurosawa, adaptação do Macbeth. Traz no elenco
Toshirô Mifune, Isuzu Yamada, Minoru Chiaki, Akira Kubo, Takashi Shimura, Takamaru Sasaki, Kichijiro Ueda, Hiroshi Tachikawa, Takamaru Sasaki, Kokuten Kodo, Eiko Miyoshi







Os americanos. Bom, eles são americanos.









Orson Welles em Otelo.
Bem intencionados, os dois, mas acho que ficam devendo alguma coisa. A fotografia é belíssima.






















Outros filmes sobre o período elisabetano:

















Elizabeth e Elizabeth, a era de ouro. Filmes poderosos, boas reconstituições. O segundo talvez se perca um pouco. Condensam de forma adequada a historia da rainha virgem e se utilizam de alguns simbolismos caros a época, mas com clareza. A direção é de Shekhar Kapur e traz no elenco a maravilhosa Cate Blanchett como a Elizabeth I, além de Geoffrey Rush como Sir Francis Walsingham.



Literatura



Os livros sobre Shakespeare e sua obra são incontáveis. Na verdade, são poucos os que trazem alguma novidade, praticamente todos dizem a mesma coisa. Às vezes um autor para se diferenciar dos outros, cria alguma teoria bizarra. Separei dois para indicar, verdadeiramente bons e esclarecedores, um estrangeiro e um brasileiro:



Shakespeare – Nosso Contemporâneo
Jan Kott
Esse é sem duvida é o melhor livro que já li sobre Shakespeare. O outro é o da nossa critica teatral Barbara Heliodora, que é uma das maiores especialistas em Shakespeare do mundo.


A Expressão Dramática do Homem Político em Shakespeare
Barbara Heliodora

Rápido Dicionario de Teatro












Sobre Shakespeare já se escreveu tudo, ou quase tudo. Pode-se encher uma biblioteca só de palavras escritas sobre ele.
Levantou-se todas as questões, desde sua preferência sexual, convicções religiosas, passando pelo questionamento das suas obras serem verdadeiramente suas e até, se de fato ele existiu ou não.
Não pretendo discutir isso, se ele não existiu, parabéns pra quem o inventou. É como se diz por aí - se ele não existisse, seria preciso inventá-lo - Assim... Como Deus.
Sei que a criatura é e foi muito popular. Hoje nós o temos como um clássico, na sua época não se pensava nisso, Shakespeare escrevia sobre o que o público queria ver e ouvir ou esperava dele.
Hoje conhecemos pelo nome os nossos políticos, jogadores de futebol, heróis e vilões. Shakespeare escrevia sobre os do seu tempo e o publico participava, torcia, amava ou odiava seus personagens.
Uma média de 800 pessoas por espetáculo, de todas as classes, sentados ou em pé, com ambulantes oferecendo seus produtos, de vez em quando uma briga, era uma festa.











Casa de Shakespeare em Statford-Upon-Avon

William Shakespeare nasceu em
Stratford-Upon-Avon em 23 de Abril de 1564 e morreu na mesma cidade em 23 de Abril de 1616.
Na época de Shakespeare a política não era aceita como atividade independente, havia uma permanente ligação entre os aspectos políticos, morais e religiosos. Era um tempo onde e quando se corporizava a ética, estética e política elisabetana. Shakespeare foi um autor espelho dessa época, só que via além dos fatos em si, dos personagens envolvidos, percebia as relações e os fatos através de um sentimento humano capaz de identificação fácil e rápida pela platéia.
Todas as noções de mundo na época, se referiam ao grande principio explicativo (vindo da idade média e ainda reinante no Sec. XVI) sobre a ordem geral do universo, o encadeamento total dos seres e das coisas, desde o átomo até Deus, a noção de que um bom governo apoiava e o mal perturbava a ordem da coisas. A religião servia ao governo, Shakespeare entendia e concordava com isso. Era elisabetano, e a favor de que as classes inferiores deveriam ser orientadas. Não concordava com o mau governo.



Elizabeth I, a rainha virgem


Elizabeth I tinha um cérebro bem dotado, para alguns era considerada ilegítima para sucessão, sustentava a teoria do poder divino dos reis e de que o poder devia ser exercido com mãos de ferro, distinguiu-se pela crueldade com que reinou na Inglaterra, mas o fato é que fez um excelente governo: expansionista, comercial e guerreiro, exerceu um protestantismo moderado, tinha ojeriza ao fanatismo religioso, usava a religião para governar bem, não poupou adversários nem amigos íntimos .
As Homilias religiosas que foram mandadas elaborar a partir de Henrique VIII, seu pai, explicavam as excelências da ordem e o cunho inviolável do soberano, eram insistentemente repetidas no reinado da filha e pregavam que os súditos não poderiam retirar sua lealdade à coroa sob qualquer pretexto, era contra a lei que súditos tirassem suas espadas contra seu soberano, pois Deus não fez dos súditos seus juízes. Não, ele fez com que o magistrado supremo não tivesse de prestar contas ao povo e reservou aos reis para seu próprio (de Deus) tribunal. Tudo que os súditos poderiam fazer, no caso de um mau governo, seria rezar a Ele para que mudasse o coração do seu príncipe, os súditos que fossem desobedientes ou rebeldes contra seus príncipes, desobedeceriam também a Deus e trabalhariam para sua própria danação. Shakespeare usou todo esse rico conteúdo de
idéias em suas peças, históricas ou não, quando lhe convinha ou convinha ao momento.

Os dramaturgos elisabetanos mais conhecidos e famosos antes e no tempo de Shakespeare eram: Christopher Marlowe (1564-1593) e Ben Jonson (1572-1637). O primeiro tinha uma boa formação, chegou a fazer universidade, foi poeta, tradutor e dramaturgo e é considerado um renovador da forma no teatro elisabetano com a introdução dos versos brancos, estrutura que será amplamente empregada depois por Shakespeare. Ben Jonson, embora sem curso universitário, alem de dramaturgo foi um expoente da lingüística, por sua atenção a fonética e a classificação dos verbos, se tornou um dos homens de maior cultura de seu tempo, chegando a merecer graus honorários das Universidades de Oxford e Cambridge.



Christopher Marlowe




desenho em corte de um antigo teatro elisabetano, sem a cobertura do palco



Reconstituição atual do Globe Theatre em Londres

Os teatros eram construídos em bairros marginais que eram focos de peste e que acomodavam também bordeis e tavernas, eram constantemente fechados pelos puritanos por questões morais ou por motivos de peste. Suas estruturas eram redondas ou hexagonais, platéias amplas, pátios desprovidos de telhado e cercados pôr duas ou três galerias reservadas para cavalheiros e damas, na última galeria as prostitutas que negociavam por ali mesmo.
Os espetáculos eram à tarde e não havia iluminação artificial, não havia cadeiras na platéia, lugar utilizado pela plebe, que comumente dava sinais de impaciência quando o espetáculo não tinha a devida espetaculosidade, belos figurinos, peripécias, arruaças ou ações fulminantes.
O palco era uma plataforma salientada sobre a platéia, aonde o público chegava a se sentar, era coberto e no fundo, um pequeno palco italiano para cenas de interior que às vezes tinha cortina. O telhado do palco era alto e em cima do palco menor um segundo andar com janelas que serviam de cenário. Serviu lindamente a dramaturgia de Shakespeare, pois era próprio para mudanças de local da ação.
O Palco era neutro, sem cenários, usavam-se cartazes para identificar locais. Adereços como tapeçarias, panos pintados em molduras de madeira que apresentavam casas com portas que abriam de verdade, cenas pastorais e tronos, pequenos móveis que compunham cenário interior. Os atores eram eficazes e tinham maneirismos declamatórios, eles não recebiam o texto completo, apenas as suas partes e a deixa. As mulheres eram proibidas de representar, havia certa dificuldade em compor papeis femininos, esta seria a razão do numero de papeis femininos serem reduzidos e do fato de que muitos personagens femininos, no enredo, se passarem por homens para, na trama, se proteger ou enganar alguém. Não havia mudanças de cenários para ação não ser interrompida. Era comum serem usados signos como um trono para salão real, um pequeno arbusto para floresta, lapide para cemitério, cruz para uma igreja. Andar de lado para outro significava mudança de local. Detalhes do vestuário e adereços como coroas, mantos, espadas também tinham sua significação e havia muitas, muitas cabeças decepadas. O resto era deixado a cargo do texto. Os figurinos eram atuais em vez dos da época da ação. A ação era variada, com passagens de tempo, o enredo era longo e cobria um grande período. Usavam narradores e o texto normalmente informava local e condições da ação, imagens visuais, climas e estados da alma.
O Teatro era importante e fazia parte da vida das pessoas, era quase a única opção de diversão, alem de jogos, bebidas e lutas. Uma bandeira era hasteada em um mastro na torre do teatro, era a deixa para informar que haveria espetáculo e que a função iria começar.
É um fato curioso o que deu a origem ao estilo de Teatro que se convencionou chamar de elisabetano, estilo este que possuiu um espaço físico único, convenções de dramaturgia e de encenação próprias.





A época de Shakespeare coincide com a renascença na Itália, para a Itália o fenômeno sem duvida foi o de um renascer da cultura clássica, que havia sido cortada pelas migrações étnicas que avançaram sobre o Império romano. Para os ingleses, como chamar de renascimento um fato que nunca existira. O que chegava do mundo clássico seja em forma pura ou italianizada, era pura e simples novidade, descoberta nova e desconhecida, isso talvez tenha sido a causa porque Shakespeare e outros dramaturgos elisabetanos não respeitarem convenções antigas. Os elisabetanos não se importaram com os temas clássicos e deram preferência a historia da Inglaterra, prestaram menos atenção às unidades de tempo, lugar e ação, inseriram temas referentes ao bom e mau governo, a opinião civil e sucessão ao trono em versos brancos não rimados. Encenavam a ação em vez de narrá-las. O estilo era bombástico, havia um certo mau gosto, alguns horrores, um gosto pela emoção e a violência. Quando os eruditos tentaram importar para Inglaterra os modelos clássicos, sem ação, com trechos narrativos, não houve aceitação. Shakespeare em um plano indiscutivelmente mais alto construiu suas peças com a mesma indisciplina, se não pôr ignorância, certamente com total indiferença aos cânones clássicos.
A era elisabetana gerou um teatro comercial, com bastante concorrência, havia companhias estáveis com patronos lordes e nobres.
Shakespeare, diz-se, era pacato, não lhe agradava a turbulência de seus contemporâneos. Bem humorado, compreensivo e pacifico. Ben Jonson bateu-se em duelos, matou 2 ou 3 homens, Marlowe morreu em uma briga numa taverna pôr causa de uma conta . Foi uma época de ouro,
Shakespeare ficou rico, trabalhou por 20 anos em Londres, foi um empresário bem sucedido, tinha patronato, escrevia poesias e sonetos para os ricos. Era dono de um Teatro e tinha sua própria companhia, a companhia de teatro Lord Chamberlain's Men, mais tarde conhecida como King's Men. Aposentou-se ainda jovem e voltou para sua cidade onde morreu.





A obra de Shakespeare tem alguns fundamentos e características próprias que vão influenciar depois, milhares de autores teatrais mundo afora.
Vejamos o que falam os especialistas:

Ele consegue juntar o gosto popular com requintada poesia, sem ser vulgar. No palco tudo tem que ser maior que na vida real, nessa medida, os problemas podem ser jogados com mais clareza e conseguem ocupar toda imaginação do espectador, obrigando-o a uma participação intensa e a uma compreensão melhor do mundo que o cerca.
O poeta é aquele que por oficio exige o máximo de significado das palavras, não apenas no sentido direto oferecido pelos vocábulos, mais igualmente as sugestões, não na pureza isolada do dicionário, porem na mescla com o acontecimento, ditas no curso de um enredo, em determinado cenário, para determinadas pessoas, com esse ou aquele timbre afetivo.
Poesia vital, diz a maioria, poesia impura, criticavam alguns, mas poesia valida enquanto o homem for homem, interessar-se por seu destino e encontrar um rumo para sua aventura no tempo.


Vejam mais algumas opiniões colhidas por ai, que me fizeram entender e gostar mais ainda da sua obra:

A impureza na poesia em Shakespeare é um grande segredo... dá uma dramaticidade perturbadora, dá o interesse pela trama, traz emoção, emoção que aos poucos se transforma em emoção estética, ele desnuda a alma do personagem, exibindo sua trama intima...
Pode-se dizer que nada sobrevive das peças de Shakespeare exceto as palavras que ele põe na boca dos atores, não dá direções de palco, descrições de cena ou caráter, não dá prefácios explanatórios, Shakespeare nos prepara cena por cena, segue aos poucos pela sugestão para o que há de vir como as bruxas de Macbeth ou o espectro do pai de Hamlet.
Com o texto cria imagens e caracteres – “parece flor inocente” - diz Lady Macbeth a seu marido - “mas a serpente está embaixo dela”.
Os caracteres são feitos para nos servir, não só pelas coisas que dizem e fazem, mais pela imagem que criam – “raivoso Cassius tem um mesquinho e furioso olhar” - diz César enquanto conversa com Brutus, dito isso, seu retrato e personalidade crescem para nos. – “Marvolio doente de amor” – “Cesar que muito pouco conhecia de si mesmo”.
Shakespeare cria a atmosfera, não só e meramente a aparência do lugar ou à hora do dia, mas o sentimento, a impressão do que à hora e lugar pode fazer sobre os nossos espíritos – “o assassino está esperando Banquo e seu filho para matá-los, o oeste que ainda alumia com alguns raios do dia, agora estimula ao viajante retardatário a chegar depressa a oportuna hospedaria” – Nos que estamos fora de perigo desejamos estar seguros em casa.
Talvez seja por isso que a sua obra se adeque tão bem ao cinema.
No solilóquio, quando o personagem está só no palco ou fala a parte, coloca a descoberto as reflexões inespressas da alma do personagem, nuances que não dão para julgar apenas pelos diálogos. É o solilóquio que torna possível para nos seguir o esforço interior de Macbeth para resistir à ambição – “Ducan levanta-te, quisera que conseguisses”.
Faz-nos ver com os olhos da mente – na floresta que avança – na cena em que Hamlet investe contra Ofélia que esta costurando no quarto de camisola - na morte de Ducan – tudo que não vemos e é relatado pelos personagens.
Os personagens são impelidos à maturidade, isso implica na perda da inocência original e podem recuperar essa inocência através de uma sólida experiência, em quinze falas muda-se um reino, ou quando dois jovens em dez falas se apaixonam e a sorte de duas famílias será lançada.
Os personagens são mostrados como são e não o que o autor pensa deles, capta com agilidade a essência de sua época, pegava temas passados e projetava no presente, por isso era entendido.
Comumente usa de comentários de personagens independentes, que não estão envolvidos no conflito ou de outra classe social para dar credibilidade a situação, como em um grupo de cidadãos em Ricardo III, ou o coveiro de Hamlet, ou ainda o porteiro de Mabecth.
Os heróis de Shakespeare tem passado, possuem vida pública e privada e vida interior, não existem apenas em função do que vai acontecer, tem individualidade, vêem as coisas do próprio ponto de vista.
Os temas eram da vida cotidiana, dos episódios históricos (nada atraia mais que as peças históricas, usadas como monumental expressão do espírito nacional), das lendas, da política e da filosofia. Lançava mão de todos os assuntos. Não é naturalista nem ilusionista, só é possível representá-lo literalmente e cria sua própria convenção.
Shakespeare Inventa uma realidade diferente, os tempos mortos são eliminados (como no cinema). Constrói a ação condensando-a, é violento, cruel, brutal, terreno e infernal, inverossímil, dramático, sarcástico e apaixonado, divagante e razoável, faz interrogações filosóficas e é um grande realista. Parece não haver paixão nenhuma do coração humano que não se encontre nas obras de Shakespeare, são extratos de sentimento. Não amaldiçoa ninguém, não julga, não toma posição, mas mostra as conseqüências de todas as ações.
Shakespeare tinha uma mensagem, à vida é um compromisso. Acreditava que a bondade trazia recompensa e a maldade castigo, o homem deve viver em ordem, os países devem viver em ordem, um bom rei ou governo quando obedecido, traz a ordem, mas se o rei sofre de indecisão o resultado pode ser o caos.
Muito raramente cria situações de mero suspense e não se utiliza do elemento surpresa, quando os fatos acontecem já estamos mais ou menos sabendo ou preparados, mas nos impressionam como sendo a solução mais adequada, um sentido que não é captado pela consciência até a ação se completar.


Só mais tarde é que as obras de Shakespeare foram separadas em cenas e atos, segundo o lugar e a ação, apenas depois de se ter abandonado a convenção isabelina, antes disso, parecia dar a impressão que se passava de uma cena para outra sem explicação, como no cinema e os fatos históricos são usados livremente para construir estruturas dramáticas que exprimissem uma certa visão da sociedade
Shakespeare
consegue apreender as vivencias humanas dentro de um contexto social político contemporâneo. A obra se mantém significativa porque alem da caracterização psicológica fortíssima e fundamental, ela está inserida em estímulos e pressões sócio-políticas equivalentes as que atuam sobre nos dias de hoje, ele não mantinha estanques, separados em compartimentos, o sócio-político e o existencial, o fato político nunca é analisado em estado puro, de forma abstrata, será expresso por ações concretas que afetam todos os níveis da vida.

Seus mundos distantes e sonhados são reais porque habitados por imagens de homens, enquanto suas imagens do quotidiano são enriquecidas por mundos distantes e sonhados.

Há também algumas curiosidades a respeito de Shakespeare, e a partir de seus textos, parece ter ficado fácil para alguns estudiosos chegarem a algumas conclusões, precipitadas ou não...

É possível que Shakespeare nunca tenha visto o mar.
Nunca contemplou um campo de batalha.
Não conhecia geografia pois situava a Hungria a beira mar,
Proteu toma um
navio que o conduz de Verona a Milão
e o que é pior, ainda aguarda a maré,
para Shakespeare Florença é um porto marítimo.
Não conhecia historia, seu Ulisses em casa lê Aristóteles. Timão de Atenas se refere a
Sêneca e Galileu.
Não conhecia filosofia e nada sabia de arte militar.
Misturava costumes e épocas diversas, em Júlio César há um relógio que bate as horas, em Cleópatra, uma criada lhe aperta o espartilho e os canhões atiram com pólvora no tempo de João sem Terra, quando esta não havia sido descoberta.




Esse é o homem, William Shakespeare, e independente de todas
especulações, sim porque, a grande maioria dos escritos sobre
Shakespeare não passa de mera especulação, ele continua nos
envolvendo em sonho, poesia e beleza. É considerado o maior
dramaturgo da língua inglesa e o mais influente do mundo ocidental.
Suas obras consistem de 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas e
vários outros menores. Suas obras são montadas, atualizadas, e
adaptadas mais do que a de qualquer outro dramaturgo e continua viva
em nossos dias através do teatro, televisão, cinema e literatura.



William Shakespeare


Observação 01 – Os textos em negrito são de outros autores, não os identifiquei por preguiça, estavam em anotações antigas minhas sem a fonte. Perdão.
Observação 02 – Algumas informações são da Wikipédia.