sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Reflexão

Não sei quem é o Neto e tambem não sei o que vem a ser Bullet,
mas concordo com ele, que vergonha.

Chico Expedito







Para todos nós refletirmos um pouco os tempos em que vivemos...


Texto do Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial.


"Vou fazer um slideshow para você.Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes. Quem sabe até já se acostumou com elas. Começa com aquelas crianças famintas da África. Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele. Aquelas com moscas nos olhos. Os slides se sucedem.Êxodos de populações inteiras.Gente faminta. Gente pobre. Gente sem futuro. Durante décadas, vimos essas imagens. No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto. Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados. São imagens de miséria que comovem. São imagens que criam plataformas de governo. Criam ONGs.Criam entidades. Criam movimentos sociais. A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza. Ano após ano, discutiu-se o que fazer. Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.


Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.


Resolver, capicce?


Extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta. Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo. Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo. Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse. Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola


2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar. Se quiser, repasse, se não, o que importa? O nosso almoço tá garantido mesmo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

POR UM INSTANTE...

Foto: Herbert Macário
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POR UM INSTANTE...

Estou a caminho de uma nova terra
desconhecida e temida
me ensinaram a temê-la

Num instante toda minha vida
Um filme passando rápido
Vejo num piscar
Muito já não lembrava

O que eu era não importa
passou...
é passado
estou numa nova estrada
e à minha frente o desconhecido

Num instante
o medo se transforma
vira curiosidade

A poucos instantes...
Não importa
é passado

Não sou velho
não sou criança
vivi muito
muito mais que muitos

Agora sei
O tempo não passa
Nem mesmo anda
nós sim

O vento rosna ao passar
me ralando como uma parede
agora somos iguais

No passado que passou
fui um tolo
Agora sei as respostas
as certas e as erradas
- sei tudo -

só mais um instante
o chão vem em minha direção

Como pode?
Em poucos instantes...
aprender tanto

Agora sei
Tudo
tudo que existe
não é vivo
não é morto
Vida é uma definição humana
científica
referencial

Não importa
estou quase chegando

Agora sei
quem amei
quem me suportou
Quando fui amado e a pressa...
- como fui cego -

Fui muito tolo
no passado
mas agora é diferente
sei tudo
sou sábio

Falta pouco
meu corpo tocará o chão
num instante

Não importa
agora eu sei
porque faço parte de tudo
tudo que existe
existiu
existirá
é uma coisa só
inclusive eu
com todos os defeitos
sou parte do todo
fiz minha parte

Nesta viagem não controlo nada
nem meu próprio corpo
Aliás...
acho que o perdi em algum lugar

Agora me junto à pedra e ao vento

Agora sei
Por um instante...
estive vivo

Herbert M. Macário
24 nov93

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Foto: Herbert Macário