terça-feira, 12 de agosto de 2008

Paisagens Construídas


Carl Warner



Chico Expedito me enviou uma coleção de fotos do fotógrafo britânico Carl Warner, que criou uma coleção de paisagens montadas com comida. As imagens, rapidamente, me remeteram ao pintor milanês Giuseppe Arcimboldo (1527-1593) e suas faces de vegetais, animais e objetos.



Arcimboldo



As fotos de Warner são muito interessantes. Não resisti e fui procurar seu portfólio na rede. O acabamento é fantástico. Vale a pena uma visita, no site você encontra muito mais fotos(http://www.carlwarner.com/). Não encontrei nenhum texto de apresentação, mas parece atuar no meio publicitário e utiliza a manipulação digital com grande destreza. As paisagens de comida são feitas com uso de camadas digitais. Suas fotos têm um toque de humor sutil, do qual gosto muito. Warner até faz uma homenagem a Arcimboldo.



Carl Warner



Carl Warner




Carl Warner



Carl Warner




Carl Warner



Carl Warner


A seguir algumas pinturas de Arcimboldo. Na verdade, são os únicos trabalhos que conheço dele, mas devia ser um ótimo pintor já que foi o pintor oficial da Casa do Imperador Ferdinando I (Sacro Império Romano-Germânico).
Creio que foi o primeiro a fazer esse tipo de composição. Em sua época, foi considerado de gosto duvidoso. Mas, no século XX, suas pinturas foram resgatadas pelo grupo Surrealista.



Arcimboldo




Arcimboldo



Arcimboldo



Arcimboldo



Acredito que Arcimboldo foi o precursor desse tipo de composição, que cria imagens com a junção de objetos diversos. Mais tarde outros artistas também criaram composições semelhantes, provavelmente, inspirados em seu trabalho. Selecionei, aqui, três artistas:



Vik Muniz
Nasceu em São Paulo, mas vive entre Rio de Janeiro, São Paulo e New York. Sua carreira como artista plástico é radicada em New York. Seu trabalho é algo entre o desenho e a escultura, que fotografa e finaliza como foto. É um dos artistas brasileiros contemporâneos mais valorizado no exterior. (Entrevista: http://www.fortesvilaca.com.br/artista/vik-muniz/)




Vik Muniz

Vik Muniz



Vik Muniz


Vik Muniz



Vik Muniz



Philippe Halsman (1906-1979)
Nascido na Letônia mudou-se para Paris em 1928, onde se fixa como fotógrafo de moda e retratos. É reconhecido como um artista surrealista ao trabalhar em parceria com seu amigo Salvador Dali, ao longo de 30 anos. Também é conhecido pela coleção “Imagens de Saltos”, que realizou quando foi morar nos EUA. No projeto, fotografava personalidades políticas e artistas saltando.



Philippe Halsman




Philippe Halsman
(esta composição não se encaixa na proposta de Arcimboldo, mas é muito conhecida)



Arnaldo Pappalardo
Paulista, graduou-se em arquitetura, mas atua como fotógrafo publicitário. O trabalho a seguir foi exposto em 1988. Na época, ele estava inserindo-se no mercado de arte, o que me chamou a atenção, pois eram poucos os fotógrafos que o faziam. Se me lembro bem, as fotos tinham um valor significativo. A coleção era formada por 28 fotos entre preto e branco e coloridas. As fotos em P&B tinham tamanho 50x60cm e eram feitas em câmera de grande formato, com negativos de 4X5 polegadas. As fotos coloridas da série, eu não conheço.
Alguns anos atrás, ele publicou um novo ensaio na revista de fotografia de arte Paparazzi. Um jogo arqueológico com objetos contemporâneos enterrados. Faz tempo que não vejo outros trabalhos seus.

Arnaldo Pappalardo
Anel de Saturno




Arnaldo Pappalardo
s/ Título

5 comentários:

Chico Expedito disse...

Maravilha,
depois comento mais.

Anônimo disse...

Oi Prof. Herbert e amigos,
Tenho acompanhado as discussões sobre arte e fico pensando qual seria o objetivo da arte hoje. O que vocês artistas querem?

Pelo que entendi a arte não acontece para o publico, mas para o mercado. Como não sou entendido em arte, sua história ou quem é quem... só posso falar se gosto ou não de uma exposição ou um artista. O que de fato não quer dizer nada, pois sou artista, não compro arte nem sou formador de opinião.

Quando falou sobre os “bonecos empilhados” achei bem engraçado, porque também não consigo achar coisas assim arte. Eu, em minha inocência, ainda acho que tem que ter a mão do artista no trabalho. Esta arte “celebral” cheia de idéias não consigo gostar.

E falando nisso, não gostei desse fotógrafo de comida. Acho que se colocassem estas fotos em minha casa, no dia seguinte ficaria com indigestão. Concordo que o trabalho do inglês é fantástico como técnica, mas não me comove. Para mim é um trabalho de publicitário, não de artista. Diferente dos outros que mostrou. O objetivo dele é outro. Na minha definição de arte passa pelo meu gostar e por algo maior, que perdure. Não vejo nenhum dos dois nesse Carl Warner. É só curioso e engraçadinho.
Grande abraço
Jair

ST.Machado disse...

Salve
Seguindo o adágio do decano historiador das artes Ernst Gombirch penso que não existam quaisquer razões erradas para se gostar de uma obra de arte, mas podem haver razões erradas para não gostar delas, por isso procuro ser cuidadoso com minhas antipatias. De qualquer forma gostei das palavras do Jair, na maneira como este tipo de imagem me impressiona concordo bastante com ele. Com algumas obras não consigo ir além do “curioso e engraçadinho”. Boa parte do trabalho de Vick Muniz me chega desta forma também. Acho difícil ilustrar qualquer tema eminentemente fotográfico com as fotos dele. Muitos artistas plásticos viram na fotografia um aliado poderoso no registro de obras que de outra forma nem mesmo seriam conhecidas dado seu caráter efêmero. Entre o mero registro da obra e o ato fotográfico pleno existem trabalhos como o a de Spencer Tunick, que fotografa multidões nuas, onde fica difícil separar performance, direção, fotografia e instalação.
Não acredito que haja uma resposta para a pergunta que o Jair coloca no primeiro parágrafo que possa agradar gregos e baianos. Uma parte considerável da arte que se produziu no século xx “dentro do campo artístico”, isto é, aceito e respaldado pela instituição criada para transmitir e avaliar o que é ou não arte, se encontra dentro do que Wolf falou no livro A palavra pintada. O que ele diz basicamente é que o que importa neste tipo de arte não é a relação direta do espectador com a obra, mas todo um discurso intelectualizado construído para explicar e justificar a obra. Foi este tipo de arte que criou o curioso hábito do “fingir que gosta” pra não parecer bobo. O “campo” simplesmente despreza toda uma produção interessantíssima apenas porque não se enquadra nos seus termos. A maior parte da fotografia está fora do “campo”*.
Mas existe John Dewey, e desse acho que o Jair deve gostar — é um dos meus prediletos — que escreveu um importante livro (Art as experience) no qual tenta regatar justamente esta ligação direta entre espectador e obra. Para ele a arte está na experiência e não na obra, ou seja, a arte não é, ela ocorre.
*Campo artístico é uma expressão criada por Pierre Bourdieu.

Chico Expedito disse...

Oi Turma
Ia comentar, mas o Sergio já disse tudo o que eu queria dizer, o que eu sabia e o que eu não sabia. ( Olha aí, João Nilo linguarudo , a porta abriu). Concordo com tudo que diz e cita.
Concordo também com o Jair, e olha Jair, não se incomode em dar sua opinião, a arte é feita para você também, pelo menos deveria ser.
Acho o cara, o Carl Warner, mais pra publicidade mesmo, muito bom tecnicamente, mas não “comove”, não passa do “curioso e engraçadinho”. Parecem aqueles pratos para crianças que os Japoneses fazem com motivos infantis, só que mais elaborados e com um pretenso clima artístico, ou seja, sem a mensagem de venda tão explicita.
A diferença que vejo entre ele e os outros, mesmo concordando com o Sergio, e que os outros se aproximam mais da arte, talvez por que comentem na própria obra, o que é representado ou retratado. O Arcimboldo, mesmo trabalhando com comida, dá uma personalidade ao ser retratado. Aliás, Herbert, ele só foi reconhecido quando saiu da sua terra natal, Na Itália não deram muito valor a ele.

Chico Expedito disse...

Oi Turma
Ia comentar, mas o Sergio já disse tudo o que eu queria dizer, o que eu sabia e o que eu não sabia. ( Olha aí, João Nilo linguarudo , a porta abriu). Concordo com tudo que diz e cita.
Concordo também com o Jair, e olha Jair, não se incomode em dar sua opinião, a arte é feita para você também, pelo menos deveria ser.
Acho o cara, o Carl Warner, mais pra publicidade mesmo, muito bom tecnicamente, mas não “comove”, não passa do “curioso e engraçadinho”. Parecem aqueles pratos para crianças que os Japoneses fazem com motivos infantis, só que mais elaborados e com um pretenso clima artístico, ou seja, sem a mensagem de venda tão explicita.
A diferença que vejo entre ele e os outros, mesmo concordando com o Sergio, e que os outros se aproximam mais da arte, talvez por que comentem na própria obra, o que é representado ou retratado. O Arcimboldo, mesmo trabalhando com comida, dá uma personalidade ao ser retratado. Aliás, Herbert, ele só foi reconhecido quando saiu da sua terra natal, Na Itália não deram muito valor a ele.