sábado, 25 de outubro de 2008

Panorâmicas

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Foto: Herbert Macário
Vista da Praia do Adão
Niterói, RJ
Brasil
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Foto: Herbert Macário
Vista do Parque da Cidade
Niterói, RJ
Brasil
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Foto: Herbert Macário
Vista da Praia de Icaraí
Niterói, RJ
Brasil
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Mistérios da Pedra Doce...

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Foto: Herbert Macário

Pão de Açúcar
Pôr-do-sol visto da Praia de Icaraí
Niterói, RJ
Brasil
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domingo, 19 de outubro de 2008

Opinião

Teatro

Nenê Bonet



Está em cartaz no CCBB à peça Nenê Bonet, encenada pela Cia. Quem São Esses Caras?. Uma companhia estável e atuante da cena carioca, fato em si já promissor para o nosso teatro, sendo este o seu 14º trabalho. O grupo coleciona prêmios e algumas indicações a prêmios importantes do teatro Brasileiro. Esses Caras são: Antonio Fragoso, Carla Faour e o diretor Henrique Tavares , os três formam desde o começo o núcleo do grupo.
Desta vez a Cia. encena um romance de Janete Clair, nossa novelista mais famosa e que revolucionou a teledramaturgia na sua época, seus trabalhos estão envoltos em um clima de conflitos, amores dramáticos e impossíveis, revelações bombásticas, tramas e reviravoltas mirabolantes. Janete Clair sempre se serviu do melodrama para desenvolver nossos temas do dia-a-dia e sempre com alguma crítica social. A adaptação feita pela Carla Faour foi rigorosa e correta, um belo trabalho de dramaturgia que consegue transportar para cena todos os elementos existentes na obra original.
Nenê Bonet é uma adaptação de seu único romance (publicado em 2005), mas escrito semanalmente, capitulo a capitulo na década de 70 para Revista Manchete, é puro folhetim.



A montagem de Henrique Tavares tem uma virtude, ela não critica o estilo de Clair e os seus clichês (aliás, como eles próprios se propõem no programa). Só este fato em si já é muito bom, estamos um pouco cansados de atualizações estéreis de estilos e gêneros literários fixados com piadinhas da zona sul e com posturas e expressões em moda. Em vez disso a direção e elenco conseguem manter o discurso da cena a sério, sempre no limite do ridículo para os padrões de hoje, mas conservando as tensões do gênero e da trama, com o tom, posturas cênicas e estilo interpretativo corretos para o gênero encenado, mantendo em todos os momentos, vivo, o interesse do público. Acompanho esta Cia. a algum tempo, o Grupo não ousa, não faz espetáculos mirabolantes, mas sempre manteve um padrão de qualidade nas suas montagens que correspondem de uma maneira geral as expectativa do seu público. Aliás, é visível o crescimento e o domínio que Henrique Tavares vem mantendo com o seu trabalho de direção nas suas encenações, sempre apoiado por um elenco que sabe muito bem o que quer e que corresponde com um trabalho cada vez mais maduro e de muita qualidade.
“O desafio maior era levar para o palco uma historia com vários cenários, passagens no presente e no passado, e 62 cenas curtas de tirar o fôlego...” Palavras escritas no Programa.
De fato este era o maior desafio e que foi vencido pela direção com uma solução cênica eficiente e engenhosa, mas que acabou, na minha opinião, por ser o maior problema do espetáculo. A solução encontrada acaba, por força da sua repetição, cansando a platéia e o maior prejuízo talvez ainda não tenha sido este. Com um time de técnicos de primeira linha como José Dias na cenografia e Aurélio de Simone na luz, a mesma razão (a linha expressa pelo diretor como solução do espetáculo), faz com que estes artistas formidáveis percam o brilho próprio, eles pouco puderam contribuir ou criar soluções que se adequassem a linha de direção. Infelizmente o figurino de Ney madeira, descolado deste problema e que poderia ser uma excelente contribuição para o espetáculo, não corresponde e não dá a devida textura cênica para a época e estilo do espetáculo, isso se traduziu com clareza na escolha da maioria das cores, tecidos e tons do espetáculo.




No mais, temos um grupo em cena com muito vigor e um espetáculo com rigor interpretativo comovedor, que abraçou um projeto difícil, mas que faz jus e presta uma homenagem justa e merecida a obra da nossa grande novelista. O elenco bastante equilibrado, talentoso e sempre eficiente é formado ainda por Amélia Bittencourt, Alex Nader, Isaac Bardavid, Márcio Ricciardi, Priscila Assum e Viétia Zangrandi, com deliciosas narrações de Glória Menezes, Francisco Cuoco e Tony Ramos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Exposição

O Fotografo Hans Sylvester fotografou durante seis anos as Tribos do Omo nos confins da Etiópia. Distantes da civilização, os homens mulheres e crianças dessas tribos são verdadeiros gênios de uma arte ancestral, a pintura corporal.
Vivem no grande vale do Rift, em um triangulo entre a Etiópia- Sudão e Quênia, uma região vulcânica que fornece uma imensa paleta de pigmentos naturais, ocre vermelho, caulim branco, verde, amarelo, etc.
Esguios, belos e sensuais são os seus corpos e eles os transformam em imensas telas móveis que se confundem com a natureza em sua volta.
A liberdade com que trabalham seus temas é comovedora. Sabe-se que trabalham com gestos rápidos, vivos e espontâneos, usando os dedos, as mãos abertas, unhas, extremidades de madeira e caules esmagados. A grande simplicidade do traço e a combinação de cores nos seus trabalhos são de uma essencialidade só conseguida por crianças ou os grandes mestres contemporâneos, aqueles que aprenderam muito e que tentam esquecer tudo depois.
Além da pintura, decoram suas cabeças e corpos com flores, folhas e sementes colhidas na natureza, este ato criativo é realizado com uma naturalidade, uma dignidade, um rigor, um equilíbrio e também uma simplicidade e um bom gosto impressionantes que os estilistas famosos de moda nem sempre conseguem.
O que os move é apenas o desejo de decorar-se, de seduzir e de serem bonitos em um jogo de prazer permanente. Viva a celebração da vida.
Conheça a Música da África e veja essa obra de arte.

Denis Leão & Chico Expedito

























O link abaixo é para quem gostou da músicas e quer escutar sem entrar no Blog: http://www.4shared.com/file/67183220/8a19341a/Explorer_Afrique.html

Mas lembrem-se "pirataria é crime" se gostou mesmo compre os discos


domingo, 12 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Teatro

RÁPIDO DICIONARIO DO TEATRO

JERZY GROTOWSKI





Jerzy Grotowski nasceu em 1933, em Rzesnow - Polônia em uma família de universitários e artistas. Em 1951 foi aluno da Escola de Arte Dramática de Cracóvia. Em 1955 estuda encenação em Moscou, viaja pela Azia Central, pela China e pela Índia e fica impressionado com a técnica e virtuosismos do teatro oriental. Aos 26 anos é nomeado diretor do Teatro das Treze Filas de Opole na Polônia e dedica-se a pesquisa sobre o trabalho do ator. Essa companhia é institucionalizada em 1965, transferida para Wroclaw onde se transformaria no Teatro Laboratório que ganhou fama internacional. Morreu na cidade de Pontedera na Itália em 1999, em minha opinião precocemente.




Depois da obra de Bertolt Brecht que caiu como uma luva para o teatro do chamado Terceiro Mundo, muito pelas nossas urgências políticas e sociais da década de 60 e 70, outra revolução nos palcos veio com Jerzy Grotowski. Dessa vez pelas nossas carências de recursos. O Teatro de Grotowski se denomina Teatro Pobre e seu livro “Em busca de um Teatro Pobre” tornou-se a mais importante publicação teatral contemporânea, não só para nós como para o todo mundo. Suas teorias e práticas influenciaram e seguem influenciando inúmeros encenadores e grupos em todos os continentes. Embora jovem, sua obra foi o foco de um numero sem precedentes de análises e polêmicas. Segundo Peter Brook, ele introduziu na arte dramática as mais profundas modificações desde Constantin Stanislavski.
Devemos entender o que é o Teatro Pobre de Grotowski. Na verdade é uma convenção teatral adequada a pobreza de recursos, mas só isso não traduz a sua essência. É claro que o termo pobre em seu teatro significou a eliminação de tudo que achava que era desnecessário em um espetáculo, deixando um ator ou atriz vunerável e sem qualquer artifício, seus espetáculos eram representados num espaço pequeno, com as paredes pintadas de preto e com vestimentas simples, muitas vezes toda em preto, mas o seu trabalho abriu caminhos e conceitos muito mais inovadores do que isso.




Em seu processo de ensaio desenvolvia exercícios que procuravam levar ao ator um pleno controle de seus corpos, exigência criada para o tipo de espetáculo que iria desenvolver, um espetáculo onde nada deveria ser supérfluo, sem luzes, sem efeitos de som, sem uma área que delimitasse a representação, enfim um espetáculo que subvertia o cenário tradicional.
A relação com os espectadores deveria ser direta, no campo da mais pura percepção e comunhão. Com o seu trabalho, Grotowski desafiou a convenção de que o teatro era somente uma síntese de todas as artes como a literatura, escultura, pintura e iluminação.
Grotowski procurava um tipo de ator especifico, um ator que seria fundamental e necessário para realizar seu projeto. Rompe a principio com o circulo obrigatório de ensaio-espetáculo, essa roda viva que prende o ator em uma carreira de rotina sufocante, achava que pressionado pela profissão o ator deixava de ser criativo. Com mais tempo de treinamento, pretendia que o seu ator adquirisse e aperfeiçoasse não só os elementos técnicos, mas também os éticos na sua formação, esses valores seriam fundamentais para sua atividade criativa. Dizia Grotowski:

"o ator se capacita para a artificialidade e a elaboração formal, aprendendo, antes de mais nada, a superar os limites do cotidiano e o naturalismo psicológico, para conseguir, depois, a expressividade física total - a única que pode estar em condições de restituir o ator total”.


Exercicios corporais de Grotowski


“A palavra nasce do corpo e não poderia ser usada corretamente sem uma preparação física adequada”, daí a atenção ao trabalho corporal, sem isso a palavra seria “um clichê estéril, naturalista, declamatório”. Para isso usou técnicas como Hatha-yoga, acrobacia, dança, pantomima, esgrima, exercícios plásticos, mentais e de composição do teatro oriental, máscara facial, etc.
Era a preparação para o que ele chamava de corpo memória, corpo vida que produz imagens para além do teatro e da representação – "o homem não quer esconder mais nada: nem sobre a pele, nem a pele, nem embaixo da pele." Deixemos Grotowski falar:


O que é gesto se olharmos do exterior? Como reconhecer facilmente o gesto? O gesto é uma ação periférica do corpo, não nasce no interior do corpo, mas na periferia. Por exemplo, quando os camponeses cumprimentam as visitas, se são ainda ligados à vida tradicional, o movimento da mão começa dentro do corpo (Grotowski mostra), e os da cidade assim (mostra). Este é o gesto. Ação é alguma coisa mais, porque nasce no interior do corpo... É preciso compreender que há uma grande diferença entre Sintomas e Signos/Símbolos. Existem pequenos impulsos do corpo que são Sintomas. Não são realmente dependentes da vontade, pelo menos não são conscientes - por exemplo, quando alguém enrubesce, é um Sintoma, mas quando faz um Símbolo de estar nervoso, este é um Símbolo (bate com o cachimbo na mesa). Todo o Teatro Oriental é baseado sobre os Símbolos trabalhados. Muito freqüentemente na interpretação do ator estamos entre duas margens. Por exemplo, as pernas se movem quando estamos impacientes. Tudo isso está entre os Sintomas e Símbolos. Se isto é derivado e utilizado para um certo fim se transforma em uma ação... Existem gestos profissionais - como os do padre. Sempre assim, muito sacramentais. Isto são gestos, não ações. São pessoas nas situações de vida.
Palestra proferida por Grotowski em 1988







Sobre a voz e respiração ele diz -“O ator deve decifrar todos os problemas de seu próprio organismo que lhe sejam acessíveis. Deve saber qual o meio de dirigir o ar, conduzindo o som para determinada parte de seu corpo, produzindo sonoridades que parecerão ter sido ampliadas por diferentes tipos de ressoadores.” Isso resume uma das técnicas mais estudadas pela gente de teatro, as caixas de ressonâncias físicas. Para ele o corpo possuía várias caixas de ressonância e o ator poderia controlá-las, usá-las de acordo com a sua necessidade e posição no palco.
No terreno do espetáculo Grotowski se inspirou em obras dramáticas clássicas, ele as recria-a para exprimir o nosso tempo. Para o seu repertório prefere os “rituais primordiais”, segundo ele os mitos, a Bíblia e os Clássicos. Por exemplo, em o Príncipe Constante, tirado de Calderon, retrata o homem perseguido que faz frente aos seus perseguidores: Em Akropolis do escritor polaco Wyspianski, a ação é transportada do palácio real da Cracóvia para o campo de extermínio de Auschwit . Essa montagem foi a primeira realização completa de sua formulação de Teatro Pobre. Nela a companhia de atores, representando prisioneiros de um campo de concentração, construíam a estrutura de um crematório em volta da platéia, enquanto representavam histórias da bíblia. Esta concepção teve particular ressonância para o público de Opole, já que o campo de concentração de
Auschwitz se localiza apenas a cerca de cem quilômetros de distância. Hamlet de Shakespeare e Faustus de Marlowe são outras obras representadas e recriadas por Grotowski. Em Faustus, além do uso de poucos objetos na cena, Grotowski orientou os atores a representarem diferentes objetos. Numa cena, onde o papa está presente num jantar, um ator representava a sua cadeira e outro a comida. Estes dois atores também assumiam o papel de Mephistopheles em outra parte da peça, demonstrando o caminho que Grotowski desenvolveu colocando diferentes camadas de significados em suas produções.
Outro elemento marcante do Teatro Pobre foi a limitação do espaço da ação, a preferência pelos pequenos públicos, procurando assim estabelecer uma interação mais profunda entre os atores e a assistência. O espaço sempre estava em função do conteúdo da peça, do que ela queria dizer. Por exemplo, - Em uma de suas montagens o cenário era uma mesa em forma de “U” onde a platéia se sentava como se fosse comensais convidadas para uma refeição. As cenas do espetáculo, que se desenrolava em cima da mesa seriam os pratos oferecidos.A idéia básica era envolver o espectador num clímax perturbador que o levaria a se conhecer melhor. Decorre daí a preocupação com um espetáculo que se caracterize pela intensidade e perfeição.


Esboço do espaço para o Príncipe Constante. Repare que o espectador assiste ao espetáculo como se estivesse espiando por cima de um muro, isso continha uma significação.

Sobre esses assuntos e outros que vamos comentar, é interessante ler um trecho do artigo “Elos de uma mesma cadeia” de Ismael Scheffer que diz:

Seu Teatro é Teatro Pobre, porque a arte dramática é reduzida à sua mais rígida essência e realizado praticamente sem material. Grotowski, apesar de ter-se interessado em discutir suas idéias, nunca se interessou por escrever um livro, repudia qualquer referência aos “métodos”. Resiste enfaticamente a qualquer tentativa de categorizar e ‘normalizar’ os resultados de sua investigação teatral, com a finalidade de criar um método comercializável semelhante aos de Stanislavski e Brecht. Para o grupo do Teatro Laboratório não existe nenhuma técnica, exercício ou método de valor absoluto, como tampouco existe um traço permanente em seu treinamento. Mesmo assim, não foram, nem são poucas as montagens feitas que se auto-proclamam “grotowskianas”, que se apropriam de técnicas e estéticas, cometendo equívocos tremendos.
Grotowski é um cidadão da Polônia, que foi arrasada e dizimada pela invasão nazista e pelos campos de concentração. Nascido em 1933, ele é testemunha e herdeiro, assim como a maioria de seus atores, da devastação de seu país. A marca daquela carnificina está no trabalho deles. É um monumento abstrato às conseqüências espirituais daquele evento horrendo. E é por isso que a maioria das produções feitas à La Grotowski são necessariamente em sua maioria fraudulentas... E continua, Grotowski delineia o Teatro Pobre optando por uma encenação de extrema economia de recursos cênicos (cenográficos, indumentários, etc.), eliminando tudo o que não seja extremamente essencial à cena. Com isso, ele também apresentou uma proposta que não deixava de ser a eliminação de uma dependência tecnológica e de um pensamento de competitividade com o cinema e com a TV.




primeiros espetáculos – As Cadeiras



Sakuntala














Apocalypis cum Figures

O Teatro Laboratório viaja pelo mundo, apresentando seus espetáculos, Grotowski participa de seminários, dirige estágios e o seu teatro se torna a febre dos artistas influenciando encenadores em todo mundo. Finalmente a partir de 1970, recusa o espetáculo, apresenta de quando em quando seu espetáculo “Apocalypis cum Figuris”. Em 1976, suas atividades, chamadas por Grotowski de “Holiday” (a Festa, o Encontro), visam essencialmente à rejeição da representação da comédia quotidiana e do medo que a acompanha. Afinal nos seus anos de teatro, Grotowski pretendia e imaginava em última análise, que a transparência, honestidade, desnudamento e a entrega do seu ator, em um trabalho sem nenhuma máscara, que o espectador entrasse em um processo de autoconhecimento e que acabasse por tomar a mesma atitude na sua vida diária. A partir daquele ano rejeita qualquer ensino da profissão. O seu teatro sem público consiste numa formação puramente psicológica e ética. Aos 39 anos, anuncia que não voltará a preparar novos espetáculos, preferiu mudar sua atividade profissional para áreas inexploradas até ali, na interseção entre a performance, a antropologia e os estudos rituais. Volta a falar Ismael Scheffer:

A partir de então não serão criados novos espetáculos para o público. . Além dos integrantes do período dos espetáculos, foram incluídas pessoas novas, além de atores, também músicos, pintores, psicólogos, psiquiatras, sociólogos, antropólogos, estudantes, etc. Os eventos eram cuidadosamente estruturados e duravam dias, às vezes semanas, ocorrendo em espaços fechados ou em florestas e montanhas. Robert Findlay diz que “Grotowski insistiu que tais projetos não deveriam ser considerados treinamento de ator, psicoterapia, misticismo secular ou, necessariamente, como arte per se. Disse que as experiências simplesmente criavam um meio de possibilitar a indivíduos criativos uma “reunião” em uma atmosfera cuidadosamente estruturada para esses encontros. A condição do homem (ator ou não) e a relação entre os homens são interesses que acompanham Grotowski. “Interesso-me pelo ator porque ele é um ser humano” Embora não destinado a espectadores, o trabalho de Pontedera era aberto de tempos em tempos para “testemunhas”, especialistas e artistas convidados, assim como muitos grupos teatrais, cerca de 150 companhias até 1996, promovendo a discussão e estabelecendo uma dinâmica de compartilhar. As pesquisas, dessa maneira, mantêm uma relação viva com o campo teatral.


Os espetáculos brasileiros, de qualquer forma, sofreram sua infuência, mesmo sem realiza-lo, estuda-lo ou entende-lo plenamente. Dentre suas influências mais visiveis podemos identificar: As recriações dos classicos, onde o espetáculo busca uma aproximação e pretende discutir a realidade próxima; A questão do espaço, passando a servir ao espetáculo, ou seja, existindo em função do conteudo do espetáculo e não ao contrário, isso se tornou o fim da prisão do palco a italiana. Agora o espaço da ação se adequa ao discurso da peça que se quer montar e em função disso também escolhemos quantas pessoas devem ver o espetáculo e de que angulo deverá ser visto, tudo isso, é claro, carregado de significações; A leitura economica em figurinos e cenários, onde um elemento apenas serve para identificar quem é o personagem e onde a ação se passa; E finalmente uma contribuição das mais importantes, o trabalho de pesquisa corporal, vocal e gestual do ator, a busca pelo gesto significante de emoções, estados físicos profissões, classes sociais, etc., ou seja, de composição do personagem e a preocupação com sua clareza. Composição que deve preencher todas as informações que não aparecem em forma de cenário, figurino, luz ou som. Mesmo sem desenvolver ou entender sua obra com plenitude, o adaptamos a nossa realidade e crescemos com isso.
O Teatro Pobre configurou-se na reinvenção do teatro. Grotowski queria um teatro que refletisse um pouco do mundo contemporâneo e ganhou vários seguidores que continuaram a desenvolver a sua técnica. Os mais conhecidos deles são o inglês Peter Brook e o italiano Eugenio Barba que foi seu assistente, eles procuram estreitar os laços entre o teatro e a vida, colocando a arte como fator essencial para o convívio humano.