






Três moleque fedorento
morcegando um caminhão
chapéu de couro e gibão
bodega com surtimento
poeira no pé de vento
tabulêro de cocada
banguela dando risada
das prosa do cantador
buchuda sentindo dor
com o filho quase parido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Bêbo lascando a canela
escorregando na fruta
num batente, uma matuta
areando uma panela
cachorro numa cadela
se livrando das pedrada
ciscador corda e enxada
na mão do agricultor
no jardim, um beija-flor
num pé de planta florido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Mastruz e erva-cidreira
debaixo dum jatobá
menino querendo olhar
as calça da lavadeira
um chiado de porteira
um fole de oito baixo
pitomba boa no cacho
um canário cantador
caminhão de eleitor
com os voto tudo vendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Um motorista cangueiro
um jipe chêi de batata
um balai de alpercata
porca gorda no chiqueiro
um camelô trambiqueiro
avelós e lagartixa
bode véio de barbicha
bisaco de caçador
um vaqueiro aboiador
bodegueiro adormecido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Meninas na cirandinha
um pula corda e um toca
varredeira na fofoca
uma saca de farinha
cacarejo de galinha
novena no mês de maio
vira-lata e papagaio
carroça de amolador
fachada de toda cor
um bruguelim desnutrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Uma jumenta viçando
jumento correndo atrás
um candeeiro de gás
véi na cadeira bufando
radio de pilha tocando
um choriço, um manguzá
um galho de trapiá
carregado de fulô
fogareiro abanador
um matador destemido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Um soldador de panela
debaixo da gameleira
sovaqueira, balinheira
uma maleta amarela
rapariga na janela
casa de taipa e latada
nuvilha dando mijada
na calçada do doutor
toalha no aquarador
um terreiro bem varrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Um forró de pé de serra
fogueira milho e balão
um tum-tum-tum de pilão
um cabritinho que berra
uma manteiga da terra
zoada no mêi da feira
facada na gafieira
matuto respeitador
padre, prefeito e doutor
os home mais entendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.
Vênus Calipígia
“A Vênus Calipígia tinha nádegas perfeitas, que Zeus lhe proporcionara em troca de alguns prazeres ilícitos.
A procura pelo modelo calipígio é constante entre as nossas mulheres, a ponto de um fabricante de jeans ter dito, certa vez, que o Brasil é o único país no mundo em que as mulheres se vestem olhando-se de costas para o espelho.
Por isso a sua marca de jeans procurava modelar as nádegas e era um sucesso no mercado feminino.
Nas academias, a ginástica voltada para os glúteos é predominante e as mulheres lhe dedicam a maior parte do tempo dos exercícios.
Um paradoxo, no entanto, ameaça o corpo feminino idealizado quando os médicos dizem pelos jornais que as brasileiras estão, em média, acima do peso indicado tanto pela medicina quanto pela estética.
Suas nádegas abundantes estão a ganhar volumes que ultrapassam o modelo de Vênus Calipígia. A deusa grega foi substituída por uma mulher chamada Melancia.”
Blog Celso Japiassu
“Calipígia, vocábulo oriundo do grego, refere-se a nádegas bonitas e bem proporcionadas. Seu primeiro elemento é "cali-", que significa "belo" - o mesmo que vais encontrar em caligrafia (escrita bonita), calistenia (ginástica para embelezar as formas, o que vem a ser um nome clássico para a "ginástica estética"), calidoscópio (um irmão do telescópio e do periscópio, que consiste num tubo em que podemos ver formas belas - esta forma é preferível a "caleidoscópio").
O segundo elemento é "pyge", que significa "nádegas"; aparece em uropígio (aquela parte da galinha que chamam de sambiquira ou, prudentemente, de sobre) e no horripilante esteatopígia (de "esteato", gordura - a que tem as nádegas cheias de gordura).
Entre as várias estátuas de Vénus que conhecemos, existe a famosa Vénus Calipígia, do Museu Nacional de Nápoles, que retrata uma figura feminina que levanta inocentemente o manto para que seu traseiro fique à mostra. Curiosamente, ou não, até hoje o vocábulo foi aplicado exclusivamente a mulheres, embora nada impeça que venha a ser usado para homens”.
Site – Deu-me para isto...
“Reza a lenda que ela e Marte foram protagonistas do único caso de sexo anal da mitologia. Venus era casada com Vulcano, o Deus Ferreiro, mas o amante a tentava com propostas nada sutis: “Se você me deixar penetrá-la por traz, será a mulher com a bunda mais bela do Olimpo”.
Ela recusou várias vezes o convite. Porem, como Vênus era Deusa do amor e da beleza, houve um momento em que a vaidade falou mais alto. Então ela humilhou o marido, enfrentou a ira dos pais, Júpiter e Dione, e se entregou ao Deus da Guerra, que cumpriu o que prometeu. Usando o pênis como um cincel, esculpiu em Vênus as nádegas mais bonitas do Olimpo. Por esse motivo, ela é chamada de Calipígia, termo que vem do grego e que significa, bunda bonita.”
Site – cama redonda