quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Cara de Cão


O auto-retrato é um dos grandes temas da arte mundial. E entre muitas outras coisas a fotografia também o tem por herança. Acho até que é algo orgânico do ser criador.
Eu pessoalmente sou meio avesso a me deixar fotografar, mas entendo bem a questão do auto-retrato. Em meus arquivos existem dezenas deles. Só tive que apresentar um ensaio deste tipo uma única vez e confesso que foi uma experiência bem interessante. Talvez até faça uma coleção para publicar... um dia...Sem dúvida é um ótimo exercício criativo, principalmente se você for obrigado a apresentar a imagem. O auto-retrato é uma busca de identidade, um reconhecimento, mas, sobretudo uma apresentação íntima. Quem já o fez sabe do que estou falando e que as exigências sobem muito.


A fotografia e a realidade estão sempre em disputa. Fotografia não é a realidade, mas usa a realidade como elemento. Nesse ponto sou um fotógrafo da antiga, não uso em meu trabalho a manipulação. Corrijo, mas não transformo o que vi. Me apresento sempre como um “escolhedor”. Escolho a luz, o meio, o momento, o ângulo de visão... Não gosto nem de cortar a imagem... E não é por caretismo, mas como um desafio do meu olhar, do meu criar. Deixar a foto pronta num click! Não levanto bandeiras, apesar de acreditar que para ser um bom fotógrafo não se pode sair mexendo em tudo antes de dominar o click.
Talvez por uma certa falta de habilidade de criar no “branco”. Não sou tão bom em construir, sou melhor escolhendo. Como falava para uma amiga pintora, me dê duas folhas em branco e escolho qual a mais interessante.

As fotos são de Rodrigo Braga. O ensaio se chama “Fantasia de compensação”. Vi este ensaio na Revista Fotosite. Num primeiro momento me pareceu que esse cara também tem algo em comum comigo. Optou por recortar literalmente o real para criar sua identidade. Ainda que me pareça estranho. Não vejo como esse tipo de trabalho poderia ir além da provocação... Faltava algo... Depois de ler o texto, sai caçando o site do fotógrafo. Muito interessante!!
Este ensaio me fez pensar sobre dois aspectos: a identidade e a realidade. A identidade é algo que construímos na intenção de ser real. E como na fotografia, ela perpassa pelo real, mas também é outra coisa. Ambas são um recorte, nosso ou de quem vê.

Vai lá que depois conversamos!




4 comentários:

Anônimo disse...

E lá vêm essas fotos de novo...
Confesso que nunca gostei e parece que nunca vou me acostumar c/ elas. Durante um bom tempo evitei a edição da Fotosite que publicou o ensaio, com uma dessas imagens na capa. Mas de tanto esbarrar c/ a revista pela casa, um dia, tomei coragem e a folheei, sem ler, pois as fotos não me atraíam p/ o texto... mais tarde, desconfiei que deveria ser uma das edições prediletas de Herbert porque estava sempre à mão... então, expliquei que eu não gostava nem de olhar p/ a capa da revista e toda vez que a encontrava virava-a p/ baixo. Ele me convenceu a ler o passo-a-passo da montagem do ensaio p/ que eu entendesse melhor. Realmente, o texto p/ mim é muito mais agradável que as fotos. Consegui entender, em algum grau, a necessidade do autor, como ele mesmo afirma, de "'fabricar' em ambiente gráfico digital uma 'realidade' que, de qualquer forma, pudesse ter ocorrido em verdade, pela habilidade manual humana". Além, de todas as questões pessoais que o levaram a se identificar com uma imagem zoomórfica, a partir da fusão de sua cabeça com a de um rottweiler.
Li e compreendi, dentro do meu possível, mas continuo não gostando... rsrsrs
Bjks

ST.Machado disse...

Se há uma frase que diz um tanto a respeito da condição humana, senão da natureza dos cabras que circulam por este planeta, foi a que disse o cego Belarmino quando soube que um filho de uma das suas irmãs havia posado nuzinho em pêlo pra uma revista gay: "Tem gente pra tudo nesse mundo"

Herbert Macário disse...

Ha ha ha ha!!!
Muito Bom!

Anônimo disse...

Disse tudo!! rsssss